domingo, 6 de setembro de 2009

Coluna - 06.09.2009

Luzitano Coração

Desde o fim de janeiro não volto a Portugal. Há muito que isto não acontece. Este hiato me enche o coração de saudades e lembranças desta terra que me acolhe há tantos anos.


Nesta semana que passou fiz, em Belém, um show de fados que só aumentou esta saudade e as lembranças deste meu querido país.


O que é Portugal?


É ternura, é carinho, é minha casa , é aconchego, é gastronomia , bom vinho e por aí vamos.


Este pequeno país que nos trouxe costela européia é a saudade de casa! Daquela 'casinha' interna, da casa de nossos avós, do cheiro de rosas, lavanda e avenca na janela.


Então viajo...


Andar a pé por Lisboa é caminhar pela Cidade Velha de Belém, pelo Pelourinho na Bahia, pelas ladeiras de Ouro Preto, Congonhas e Mariana... Como somos portugueses!!!


Neste show, feito com a renda revertida para o Pão de Santo Antonio, a emoção deu o tom. E a saudade...


Ao ver a plateia lotada e aqueles senhorinhos e senhorinhas que vivem no Pão, cantando e participando alegremente pensei em como o idoso é um mundo rico e vivo e quantas vezes nos esquecemos disto.


O trabalho feito por esta diretoria tem resgatado a dignidade e tentado tirar o estigma que ronda a palavra ASILO.


ASILO não é EXÍLIO, e em minhas visitas ao Pão percebo que é esta a luta maior que se trava : a luta contra o preconceito.


O velho não tem aqui no Brasil , salvo raras excessões, o tratamento diferenciado e respeitoso que tem no resto do mundo.


A cultura da 'juventude a qualquer preço' nos faz muitas vezes ver o idoso como um ultrapassado e não como um tesouro de sabedoria e não ver ali o nosso futuro.


Sim, todos vamos para lá, todos vamos envelhecer e quanto mais cedo tenhamos esta consciência mais dignidade daremos a nossa vida .


Neste show o tom de saudade do fado, me fez viajar para minha casa, para os discos de Amália Rodrigues, de Francisco José, a casa de minha avó em Icoaraci e pelas ladeiras de Alfama, da Mouraria, das ruelas do Porto, da baixa de Lisboa.


Senti o cheiro da sardinha assada nas ruas de Portugal e no quintais de minha avó Augusta.


Me deu saudade da Ribeira do Porto com seus restaurantes populares que meu pai tanto gostava e eu adoro!


De voltar a pé pra casa depois do almoço ou jantar, sem medo ou sustos.


Me deu saudade de um tempo que não vivemos mais nas grandes cidades brasileiras, mas que se vive, ainda hoje, em Portugal.


Uns bolinhos de bacalhau e um bom vinho tinto me esperavam no camarim e agradeci a Deus por ter esta alegria de cantar o fado e ter um coro me acompanhando .


Um coro afinado pelo tempo, pela experiência, pela vida e pela alegria da vida!!!


Um beijo e até a próxima viagem!!!


Fafá de todos os sons.


Fonte:

http://www.orm.com.br/projetos/oliberal/interna/default.asp?modulo=439&codigo=432536#

Um comentário:

  1. é verdade, nos dias de hoje, não se vê mais os pais sentados de noite, na porta de casa para conversarem e os filhos brincando de roda, amarelinha, passa o anel... num céu estrelado e uma lua maravilhosa iluminando aquela paz... saudades desse tempo...

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