domingo, 26 de julho de 2009

Coluna - 26.07.2009

Porto Seguro, onde tudo começou


Desde menina tenho sede de conhecer o mundo! Mais uma prova do sangue português que me corre nas veias! Meus destinos de viagem são traçados por meu coração. É ele que me guia nestas andanças e fujo sempre dos destinos óbvios e daqueles que estão na moda. Isto, pra mim não é viagem, é cilada!!!

Reconheço também uma certa arrogância de minha parte em não ‘seguir modismos’ mas ...o que posso fazer? Às vezes erro pesado não querendo dar o braço a torcer. Às vezes perco tempo em não seguir estes caminhos, mas nunca é tarde pra gente aprender... Isto tem a ver com dois destinos sobre os quais escreverei nas próximas colunas.

Há anos, amigos, namorados, ex- maridos e etc me falam de Arraial d’Ajuda e Trancoso. Eu tinha um pé atrás. Hummm, eu pensava... Mais uma novidade “mágica”. Que boba eu fui! Elba Ramalho, Gal Costa e Bruna Lombardi cantam loas há muito tempo e fazem odes a estes lugares. Com toda razão. Quanto tempo perdi até chegar aqui!!


Tive mil oportunidades de vir (amigos com casa, pousadas de amigos) e sempre resisti. Talvez o lugar me resistisse e agora tenha aceitado minha chegada. Sei lá ... O fato é que cheguei e estou total e completamente perdida de amores por este canto. Vim pra cá a convite do Governo Português para recepcionar o novo embaixador de Portugal no Brasil, Sr. Dr. João Salgueiro e sua esposa Izabel. A primeira visita oficial do casal a Porto Seguro e minha primeira vez por estas bandas. Tudo aconteceu!


Cheguei louca por uma caipirinha, ao meio dia, e ao invés de tomar a balsa pra Arraial, fui parar em Belmonte na maior Moqueca da Terra! Pensei: ok, estamos na Bahia! No caminho passamos por praias incríveis e aproveitei pra um beijo em minha amiga Lea Penteado, que há alguns anos teve a genial ideia de trocar a loucura de Rio e São Paulo por Santo André, outra praia perdida ao lado de Santa Cruz de Cabrália, lugar onde os portugueses aportaram há 509 anos.


E aqui começa nossa história. Esta mistura do português com o índio, que é a base, o principal componente deste nosso maravilhoso Povo Brasileiro! Cheguei ao meio dia e só consegui entrar no resort às 7 da noite! Hahahaha! A chegada à Arraial, é linda e suave. O Eco Resort... De cair de banda!


Na chegada, um Oxalá imenso, feito pelo artista Tati Moreno, nos recepciona garantindo a paz e a sabedoria deste Orixá à nossa estadia. Mais três passos e quem encontro? ELA ... MAMÃE OXUM!!! Linda, dourada e poderosa dando pra gente a certeza da fartura , da riqueza e da beleza que nos cercará por toda a temporada! Orixás feitos em ferro e uma liga destas de poliuretano com sei lá o quê, que dá a impressão de força e leveza. Viva Tati Moreno, grande artista baiano!!!


O resort é lindo. Poderoso e discreto. O dono, Carlos Nikini, é mineiro e super querido. Colocou neste velho hotel a cara da Bahia, aliás, de Arraial d’Ajuda. Arraial é luminoso, leve e muvucado. Parece Búzios com suas lojinhas, restaurantes charmosos, barzinhos transados. Bistrôs, orientais, baianos, italianos... A culinária do mundo está ali, sempre com um toque da magia baiana. Andar pelo centrinho é a certeza de encontrar roupa moderna e descontraída, galerias de arte e artesanato e muuuuito mais.


Ouvi muitas historias, de várias pessoas que hoje vivem aqui. A mais interessante foi a de uma Silmara. Há 15 anos, ela veio com o marido passar umas férias. Ele, executivo estressado paulista, ela e seus filhos. Dois dias após a chegada ele diz pra ela: - Achei meu lugar no mundo! Ok. Ela ouviu e dividiu com ele esta emoção, pois ela também tinha sentido isto, mas sabe né?,os homens...


Ao voltarem para São Paulo, tornaram a falar neste “nosso lugar no mundo”, só que desta vez não ficou só na emoção do momento. Muito pelo contrário: venderam casa, ele pediu demissão da multinacional e vieram com os três filhos pequenos (três!!!) começar uma nova vida aqui.


Que coragem, eu disse a eles. E ouvi como resposta: - Não, não foi coragem. Foi uma opção pela vida e pela felicidade!!! Já tiveram restaurante, pousada e quase desistiram depois de uma sociedade mal sucedida, mas o astral da terra os fez acreditar que era possível. Hoje eles têm uma bela pousada, ela administra um grande empreendimento e os filhos... Ah, os filhos estão maravilhosos!!! Ontem jantei com eles uma bela moqueca e ouvi da dona do restaurante uma história parecida ... Ai, meu Deus que água é esta que se bebe aqui? (rsrsrs).


E aí cheguei em Trancoso.

Mas isto é assunto pra outra coluna!

Bjs , boa viagem e até a próxima!

Fafá de Belém , uma mulher brasileira (com todos os temperos!!!)

Fonte: Jornal O Liberal - 26.07.2009

domingo, 12 de julho de 2009

Coluna - 12.07.2009

Viva o Estado Democrático!!!




Na última coluna, falei de meu retorno a Belem depois de uma semana em Paris. Agora estou na Argentina. Vim pra cá gravar um programa de televisão, em Bariloche. Como a produção sabe que eu adoooooooooro bom vinho, boa mesa e boas companhias, me chamou para ver como se faz um cordeiro patagônico. Loucura! Loucura! Loucura!!!


E lá vim eu, direto de Belém para Bariloche, com algumas paradas estratégicas. Saí de Belem no voo das 2:25 para São Paulo. Meu voo para Buenos Aires atrasou quatro horas e o que restava de mim desembarcou na capital portenha às 6 e picos. Morta de fome e cansaço!!! Mas estamos em viagem e é isso que interessa.


Até chegar no hotel, fazer o check-in e etc, não dava mais para almoçar e nada estava aberto para jantar. Com a desculpa de tomar um chá, eu e minha comadre Natalia descemos até o lobby do hotel. No trajeto para a cafeteria... advinhem qual foi o nosso destino? UMA ADEGA!


Degustar, degustar e degustar! Vinhos maravilhosos, presuntos, queijos, salames, azeitonas, torraditas incríveis e.... quando dei por mim, o jantar já tinha ido para o espaço e o cansaço me derrubado. Subi pro meu quarto e dormi como uma angel!!!


Domingo, 5 da manhã acordamos e seguimos todos para Bariloche e, ao chegar, rumamos para o restaurante El Patacón, atrás do tal cordeiro, especialidade do chef Mario Remiro, dono da casa. INACREDITÁVEL!!!


Na Região da Patagônia, este cordeiro é uma tradição. Sua carne tem um sabor mais intenso por causa das ervas que come no campo e pela lenha usada para fazer o fogo. O bichinho é aberto ao meio, ligeiramente salgado com sal meio fino e pincelado por uma mistura de manteiga derretida e suco de limão galego. Vai pro fogo (uma lareira enoooorme!) e ali assado lentamente, por 3 ou 4 horas, e pincelado de meia em meia hora com a tal manteiga.


Quando fica pronto, é de comer rezando!!! Com um belo tinto, é claro. Escolhi uma mescla de Cabernet Sauvignon com Cabernet Franc e Merlot. PERFEITO ! Hoje a uva malbec está muito em evidência e se deu muito bem em solo argentino, mas este 'Gala 2' que escolhi, da vinícola Luiggi Bosca, estava MARAVILHOSO!


Na segunda de manhã, viemos para a fazenda de um querido amigo, em Lobos, mas não sem antes pararmos em Buenos Aires, no Tomo I, belíssimo restaurante situado na Av. 9 de Julho, para comer um cocchinilo (um porquinho assado inteiro, de perder a cabeça!) com, aí sim, um belo Malbec , Doña Paula. Excepcional!!!


Lobos é uma pequena cidade na Província de Buenos Aires, a 100km da Capital Federal e foi lá que nasceu Juan Perón. Em Lobos, fomos a La Vaca Atada, onde se come uma parrilha com seus choriços, morcilas, molejas, chinchulins e uma carne de cair de banda!!! Com um tinto, por supuesto... Tempranillo, desta vez.


Chegamos na fazenda e um amigo comemorava a vitória do Campo nas eleições e, segundo ele, da democracia reinstaurada depois de anos de desmandos após o governo de Raul Alfonsin, 'o último democrata a governar a Argentina', ressalvou meu amigo.


Ao assistirmos pela televisão o povo comemorando, os comentaristas politicos dizendo o mesmo que meu amigo e a expressão de felicidade no rosto das pessoas pela vitória do Povo... só nos restou abrir uma outra garrafa para comemorar !!!


SAÚDE A TODOS E ... VIVA O ESTADO DEMOCRÁTICO!!!


De Lobos, Província de Buenos Aires, com bessos, muchos bessos.