domingo, 7 de junho de 2009

Coluna - 07.06.2009

Nasci em Belém do Pará



Por causa da borracha fomos a primeira grande capital cultural do Brasil.Os grandes investidores estrangeiros vinham em busca da borracha e, com isso, o dinheiro do mundo circulava forte por ali.

Os navios que chegavam a Belém traziam as grandes companhias de ballet, música clássica, cantores líricos e teatro. A influência francesa estava (e está) impressa na cidade com seus palacetes, coretos em ferro fundido, etc...

Além da presença na arquitetura, segundo dizem, o PATO NO TUCUPI (nosso prato mais emblemático) é o encontro mais feliz da culinária francesa com a indígena!

As grandes famílias abastadas de Belém mandavam lavar suas roupas em Paris, Londres, Lisboa, onde a água não fosse barrenta e trouxesse para as cambraias e linhos o branco que nem o anil era capaz de trazer devido a nossa barrenta água ribeirinha.

Os navios traziam a cultura e o dinheiro e levavam a roupa suja para lavar! Literalmente!

Nas escolas éramos alfabetizados em português e o francês entrava em seguida para ser também matéria fundamental.

E assim tive meu primeiro contato com a França – menina, estudando o G. Mauger.

Os palacetes da cidade, as jóias das senhoras, as camisolas de seda com renda 'gripure' que minha tia me dava (e que eu usava como vestido...) tudo me fazia sonhar com Paris.

Haviam duas lojas de tecidos que marcaram época em Belém – Au Bon Marché e o Paris n’America. As escadarias em bronze, as prateleiras e os armários em cristal 'bisoté'... Um luxo!

O tempo foi passando, a vida me levando para muitos lugares, a música me embarcando por este Brasil a fora e Paris na minha alma...

Aquela altura ir à Europa não era como é ir hoje. Era caro e muito distante da realidade de quem não fosse no mínimo rico.

Eu começando carreira, ralando feito louca... Paris?... Não, é muito caro e longe...

Em 1978 fui convidada para fazer o show de lançamento de 3 marcas italianas em 3 cidades brasileiras e parte do pagamento era em passagenas aéreas. Paguei o cachet pleno para os músicos, peguei todos os 10 bilhetes para mim e fiz minha primeira viagem internacional. Eu e meu namorado - que tinha vivido na França.

E assim cheguei em Paris, com meu coração aos pulos.

De lá pra cá foram muitas as viagens para Paris e pelos interiores da França, e a cada viagem meu coração se comporta da mesma maneira. Que coisa!

Já fui a Paris, só; já fui começando um casamento; já fui chorar o final de um casamento; já fui casada e o casamento lá acabou (rs). Mas nada interfere neste caso de amor por esta cidade que proclama o amor com todos os sentidos: com seus aromas, sabores, ruas molhadas na madrugada, o pão, o vinho, o champagne, o chocolate, as vitrines...

TUDO EM PARIS É AMOR!

E nestes anos que falamos em parceria França/Brasil, nada melhor do que seguir um conselho de meu médico quando um dia cheguei arrasada pelo final de mais casamento.

Eu perguntei-lhe – Então, Mauro, tem remédio para isto?

E ele respondeu – TEM... PARIS 2 VEZES POR ANO

Eu tenho seguido seu conselho e tem dado certo.

PS - NESTE MOMENTO EM QUE ESTÃO LENDO ESTA COLUNA,ESTOU NA BEIRA DO RIO SENA BEBENDO UM CHAMPAGNE, COMEMORANDO TER SIDO UMA DAS 'DIVAS DO REI' !

BEIJOS e BOA VIAGEM!!! Fafá de Belém

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