Fafá nunca sai de moda, seu estilo é atemporal.
Maria de Fátima Palha de Figueiredo nasceu em 1956
na capital do Pará. Eu nasci em 1985 no interior do Rio Grande do Norte, e
somente um caminho me levaria até ela, ou ela até mim: a música. Sim, a música!
Seu canal de comunicação com o mundo fora descoberto ainda quando criança nos
encontros de família. Fafá nunca pensou em ser cantora, “mas sempre gostei da
canção”. Certamente a música a escolheu para se tornar anos depois a maior voz
do Brasil, a maior representação artística que nos foi revelada até então.
Sua emissão vocal atinge notas e sincopas sem
ginástica vocal, sem malabarismo de voz, que a despeito dos novos talentos,
deixa então de ser âncora e passa a representar algo inatingível. Isso a torna
única, porque ela vem de uma época onde a canção era mais importe que o sucesso
e manter isso por mais de 30 anos de carreira tendo como marca uma das mais
expressivas vendagens de discos do país não é para qualquer cantora, ela tinha
mesmo de ser a melhor.
Suas interpretações tramitam de um sussurro sedutor
ao comando de grandes marchas, porque não sendo o bastante ela cantar ao pé do
ouvido “doces palavras” àquelas ditas pelos menestréis, Fafá capitaneou para
seu trabalho a mais simbólica e representativa expressão do nacionalismo
pautado nas concepções políticas de uma verdade autônoma e democrática que
mudou a história do país. Ela teve que revelar ao Brasil inteiro “de quem é
esta ira santa”. E em meio a isso, há um verso de Caetano Veloso que melhor
define seu timbre, “voz de muitas águas”. Fafá traz ainda em seu canto o cheiro
do Pará, o sabor, a sincronia religiosa e profana que bifurcaram a sua carreira
e sua vida esboçando olhares possíveis ao que é popular sem tornar-se
populismo.
Amada no Brasil e em Portugal, Fafá é hoje a única
cantora brasileira que já cantou para três papas, intérprete do Hino Nacional,
dona da mais famosa gargalhada do Brasil e de um Fã Clube que lhe devota amor
incondicional, e soma a isso interpretações ímpares que a fizeram para além de
uma cantora, uma diva. Seu canto, através daquilo que julgamos ser um bom
repertório, norteia nossas emoções desde as épocas de LP.
Uma de suas atitudes mais reverenciadas numa pessoa
é o respeito ao público, respeito pela qual a torna uma dama. Comportamento que
segundo ela, herdou de seu pai e lega na canção que diz “todo artista tem de ir
onde o povo está”.
Por isso e algo mais que não traduzo, eu escolhi
Fafá de Belém, em meio a tantas cantoras no Brasil para amar. Para colecionar e
me representar através da voz que Deus lhe deu, e não tendo me dado, não teria
eu feito melhor escolha. Sentimentos como este não se entende, se vive e basta.
Restando-me, contudo, sempre perguntar “de onde vem esta coisa tão minha que me
aquece e me faz carinho?”.
Fernando Júnior
Pau dos Ferros-RN
Eu ainda não tinha lido esse texto , fiquei emocionado . Alias tudo que tenha haver com Fafá me emociona e me toca profundamente . Parabéns querido .
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